"A felicidade só é real quando compartilhada" (Christopher McCandless - Filme: Into the Wild)

segunda-feira, 13 de junho de 2011

A roda viva da vida

"Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu..."
(Chico Buarque - Roda viva)

Peço licenças ao grande Chico para falar um pouco sobre o que ele já tinha pensado em 1967. O mundo é realmente uma roda viva. Já parou pra contar quantas pessoas passam ao seu lado durante um dia? Muitas dessas pessoas talvez nunca mais chegarão tão perto de você.

É estranho tentar refletir o dinamismo da vida. Dá uma sensação de impotência, de fragilidade.  As coisas realmente vão acontecendo de forma tão robotizada que o nosso campo de visão durante o dia é somente o que nos convém, o que nos é de praxe. Até as coisas mais simples e fundamentais passam despercebidas.

E não são somente coisas e pessoas que vão e vêm a todo momento. Os sentimentos do ser humano são verdadeiros turbilhões. Num único dia somos capazes de saciar todas as extremidades da lucidez humanal. Vamos da felicidade plena à tristeza inabalável, da tranquilidade serena ao desespero inquebrantável, da sensatez à insanidade. Que bom que podemos exercitar tantos sentimentos. Estranho seria se fôssemos invariáveis, constantes. Assim, seríamos chamados de equação matemática.

A nossa inconstância é praticamente fundamental para aprendermos a conviver com todos os extremos de natureza humana. Quem nunca passou horas abraçado ou fazendo carinho num cachorro, não sabe o que é carência. Quem nunca apagou a luz do quarto e correu pra cama, não sabe o que é ter medo de ser pego pelo monstro. Basicamente somos assim, se não vivemos, não sabemos como é. Logo, não podemos refletir, absorver e até mesmo julgar cada sensação.


Que tal tentarmos exercitar além do nosso ego? Ampliarmos o nosso campo de visão e enxergar muito além do que as pessoas aparentam ser. Entender ao invés de julgar. Acolher ao invés de repudiar. É necessário para não parecer que pagamos um preço caro por sermos quem somos. A roda viva precisa desse combustível. É o que falta para cada rodopio fazer sentido.   

segunda-feira, 6 de junho de 2011

O perfil certo da pessoa errada. E vice-versa.

Será que vale a pena? Será que vai dar certo? Tenho certeza que alguma vez na vida você já se deparou com um desses questionamentos. Eu sempre acabo retirando-os do fundo do baú empoeirado no qual tentei guardá-los. Na verdade, não sou uma boa pessoa para relatar assuntos de cunho afetivo, porque a minha vida sentimental não é das movimentadas e muito menos prazerosa para se narrar. Vou me arriscar por acreditar que as relações pessoais que constroem uma vida. Aliás, são elas também que ficam. 

Cada pessoa tem consigo um preconceito gerado através de experiências agradáveis vividas anteriormente. Sabe aqueles momentos que eram esplendidamente perfeitos para você? Foram esses que te fizeram inconscientemente criar o maldito perfil certo da pessoa errada. Que te fazem acreditar que ser estranha e desajeitada é requisito fundamental na pessoa com quem vai se relacionar. Que ter a pele bem clara e os olhos bem redondos é o que vai fazer o seu ritmo cardíaco regular terminar em arritmia. Que ter medo de insetos e crustáceos é a coisa mais charmosa do mundo. E se não gostar da Claudia Leitte? Ih, pro fim da fila.

Você passa a ter a brilhante idéia de procurar em outras pessoas aquilo que você acredita ser o perfil certo. Equívoco. Você está tentando encontrar verdadeiramente aquilo que já viveu, e quando se depara com algo que fuja do padrão esperado é mais um tapa de luvas na cara. E tomara que seja dos bem fortes. Não, está longe de mim desejar agressividade na vida de alguém, mas tive que utilizar dessa metáfora para dizer que é necessário distinguirmos o quanto cada pessoa é única na nossa vida. Consequentemente, cada relacionamento que vier a ter um dia será diferente dos outros que já teve.

Eu passei um bom tempo inspirado por esse falso perfil errado da pessoa certa. Esse tipo de  burrice nem naquele baú empoeirado, do qual eu retirei as perguntas, pude guardar. Tive que antecipar as comemorações juninas e lançá-la imediatamente num balão de papel. Não me prenda por isso; foi necessário. 

Não acredito que a gente escolha capciosamente de quem vamos gostar, com quem vamos namorar e a pessoa que vamos querer dividir um pouco da nossa estupidez humana. Acho que vai muito além de escolha. Honestamente, nos primeiros contatos, consigo dizer se aquilo vale a pena pra mim e se pode dar certo. Tenho certeza que não é porque escolho. É questão de tato, cheiro, estilo, sintonia, atração, carma. Coisas que fazem as palavras ficarem tão pequenas a ponto de não conseguirem se expressar minuciosamente.

Se eu pudesse dar um conselho eu diria: Se desprenda do perfil certo, ele não existe. Ele é ilógico, irreal. Existe somente a pessoa certa (ou errada), que pode lhe fazer recriar novos "perfis certos" e dividir bons momentos contigo. Se permita. Viva. SINTA!

"É verdade que os relacionamentos são muito mais complicados do que as regras, 
mas as regras nunca vão lhe dar as respostas para as questões profundas do coração.
 E nunca irão amar você."
(A Cabana - William P. Young) 


sábado, 4 de junho de 2011

A felicidade compartilhada

Eu sempre fui um grande admirador da linguagem humana. Seja ela escrita, falada, sentida, subentendida, absorvida ou até mesmo rejeitada. Sou do tipo que ao ouvir uma música, as palavras e frases mais marcantes saltam da caixa de som, entram pelo meu canal auditivo, atravessam a membrana do tímpano e se aventuram muito além da bigorna, martelo e estribo. Sou do tipo que quando assiste a um filme, o que me faz recordá-lo não é o título, e sim aquele diálogo mais intenso ou o mais simples que pode falar muita coisa. Sou do tipo que muitas vezes concorda com a magnífica Martha Medeiros ao se dizer: "Tudo que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve". Sou do tipo que acredita que a linguagem humana ultrapassa o papel e a caneta, as sílabas e os fonemas e, nesse caso, o teclado e o monitor.

Portanto, não espero que os textos aqui publicados venham a ser vangloriados, estejam inexoravelmente escritos ou sirvam de inspiração na vida de alguém. A partir do momento que eu decidi sair do papel de leitor e ousei me colocar como interlocutor, a única coisa que eu espero é que caso leiam, consigam sentir e absorver o que a linguagem humana pode acrescentar a cada cabecinha pulsante.

Ousei me colocar como interlocutor. Foi isso que eu disse? Sim, foi isso. Mas ousadia na verdade eu tive ao colocar como título do blog uma das citações mais simples, curta e bela que já pude ouvir, depois ler, reler, pensar, interpretar e sentir. "A FELICIDADE SÓ É REAL QUANDO COMPARTILHADA".  Essa citação eu passei a conhecer quando assisti ao filme 'Into the Wild' (2007) ou traduzido para 'Na natureza selvagem' no Brasil. Que o filme é incrível basta vocês assistirem que descobrirão, mas o intuito agora é destacar a simplicidade e ao mesmo tempo a complexidade dessa frase que, como eu disse logo no início, me faz criar referências ao próprio filme.


Inicialmente, tenho que dizer que cabe à citação inúmeras interpretações e significados. O que eu vou colocar é simples e puramente o que eu consigo retirar dela e o que consegui enxergar além dela.

Logo quando lemos, fica estampado para qualquer um que a felicidade só é verdadeira quando dividimos com a família, com os amigos, com a namorada ou com alguém querido. Na verdade, não é somente isso. A felicidade pode ser compartilhada de várias formas e cada pessoa DEVE buscar a forma que te faz realmente feliz, MUITO FELIZ, digna de todos os verbetes encontrados no dicionário para a palavra felicidade (s.f. Estado de perfeita satisfação íntima; ventura. / Beatitude; contentamento, grande alegria, euforia, grande satisfação.). Não importa se é um empresário bem sucedido ou um artesão que trabalha na rua, o que importa é ser capaz de compartilhar a felicidade. Você pode seguir os passos simples da frase e dividir sua felicidade com as pessoas que são importantes e te fazem bem. Mas também pode ser extremamente feliz e realizado com um estilo de vida onde compartilhe a felicidade com a natureza, com o mundo, com seu animal de estimação, com você mesmo ou com a porta do seu guarda-roupas (por que não?). O importante é se sentir mais do que repleto; digo compartilhado. Dai pra frente meu amigo, você vai saber o que é uma felicidade real. E é isso que eu quero. E é disso que eu preciso.

"Mais que amor, dinheiro, fé, fama, justiça, 
dê-me verdade." [Christopher McCandless]