"Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu..."
(Chico Buarque - Roda viva)
Peço licenças ao grande Chico para falar um pouco sobre o que ele já tinha pensado em 1967. O mundo é realmente uma roda viva. Já parou pra contar quantas pessoas passam ao seu lado durante um dia? Muitas dessas pessoas talvez nunca mais chegarão tão perto de você.
É estranho tentar refletir o dinamismo da vida. Dá uma sensação de impotência, de fragilidade. As coisas realmente vão acontecendo de forma tão robotizada que o nosso campo de visão durante o dia é somente o que nos convém, o que nos é de praxe. Até as coisas mais simples e fundamentais passam despercebidas.
E não são somente coisas e pessoas que vão e vêm a todo momento. Os sentimentos do ser humano são verdadeiros turbilhões. Num único dia somos capazes de saciar todas as extremidades da lucidez humanal. Vamos da felicidade plena à tristeza inabalável, da tranquilidade serena ao desespero inquebrantável, da sensatez à insanidade. Que bom que podemos exercitar tantos sentimentos. Estranho seria se fôssemos invariáveis, constantes. Assim, seríamos chamados de equação matemática.
A nossa inconstância é praticamente fundamental para aprendermos a conviver com todos os extremos de natureza humana. Quem nunca passou horas abraçado ou fazendo carinho num cachorro, não sabe o que é carência. Quem nunca apagou a luz do quarto e correu pra cama, não sabe o que é ter medo de ser pego pelo monstro. Basicamente somos assim, se não vivemos, não sabemos como é. Logo, não podemos refletir, absorver e até mesmo julgar cada sensação.
Que tal tentarmos exercitar além do nosso ego? Ampliarmos o nosso campo de visão e enxergar muito além do que as pessoas aparentam ser. Entender ao invés de julgar. Acolher ao invés de repudiar. É necessário para não parecer que pagamos um preço caro por sermos quem somos. A roda viva precisa desse combustível. É o que falta para cada rodopio fazer sentido.
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